sábado, 28 de março de 2020

Quarentena

     Há momentos na vida onde o padrão passa a ser questionar. Isso acontece principalmente após fases turbulentas onde a adaptação é pautada na crença de que quase nada está no nosso controle.
     Então pensamos: e agora? O que mudou em mim? E aquilo que eu admirava? Será que perdi o que acreditava? Será que acabou? E se nunca mais voltar? Onde vou me apoiar agora?
     O inédito aqui é essa transição entre a tempestade e a calmaria acontecer durante um contexto de quarentena. Acho que a vida tem dessas coisas... suponho que seja engraçado que eu tenha achado justamente agora as respostas que tanto procurei no início do ano.
     Eu sempre soube que o tempo era meu deus, mas, vocês devem saber como é: sou cética e nem sempre confio nele. E ele, persistente como só um deus pode ser, me mostra o que eu procuro logo quando eu desisto de achar.
     Ele é brincalhão também, é claro. As situações de aprendizado nunca parecem as ideais. Ah, meu deus dos ponteiros, tantas vezes te amaldiçoei por isso. Ah, meu deus das areias caindo, hoje eu rio junto com você. As vezes rio enquanto choro, confesso. Mas eu rio, meu deus embranquecedor dos cabelos.
     Acho que a felicidade para mim é perceber você aqui. É entender que as dúvidas deixam de importar a partir do momento em que você age e enche meu coração do que eu estava louca de vontade de sentir. Você me enche de vida.
     E era justamente a vida que eu precisava sentir fluindo dentro de mim durante esse ano tão assustador que está sendo, e ainda vai ser, 2020.
     Me deixa com essa vida mais um pouquinho...